Lógicas
Os nossos sistemas de valores, não têm poder efectivo sobre o que sentimos, permitem, algumas vezes, dissimulá-los, reprimi-los ou negá-los, mas não suprimi-los. Qual a pessoa que fica com menos medo quando lhe dizem: «Mas, tens medo disso»?
«Mãe, tenho medo de ir para a nova escola.» - disse o menino.
«Mas, vê bem, todos os meninos da tua idade, vão para essa escola e tu vais gostar de fazer novos amigos, não compreendes?» - respondeu a mãe.
Fazemos este tipo de comentários todos os dias, recusando ouvir o outro, propondo-lhe outra lógica, outro registo diferente, não partilhando os sentimentos.
Não o menino não pode compreender, quando não foi compreendido, fala do que sente e, a mãe, decerto bem-intencionada, fala-lhe de factos, num registo puramente lógico, esclarece, sim, mas não alivia, a lógica proposta impõe ainda: «Só podes ser tonto, por teres medo sem nenhuma razão válida», pior remete à criança dois juízos: o ser medroso e além disso idiota.
As palavras podem esclarecer a nossa aflição, contudo nem por isso nos consolam. A lógica racional ou a lógica normativa, não melhora a lógica afectiva, falam entre si, uma linguagem estranha, vivem todas elas em planos diferentes, quase sempre, inconciliáveis.
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