segunda-feira, novembro 10, 2008

Projecto Rua Java

Lacei-me, noutro desafio, desta vez não é um blog, mas um portal, portanto mais complexo, designado por Rua Java, www.ruajava.com.
O principal objectivo do portal é ser um espaço privilegiado, uma rua, de encontro de pessoas, que se interessam por programação de computadores, sejam experientes ou simplesmente curiosos e que possam, através desse meio, trocar ideias, dúvidas, partilhando entre si, saberes.
O portal já dispõe de fórum, alguns artigos, novidades e tutoriais, sendo os serviços completamente grátis para o utilizador, lá poderá inscrever a sua própria página pessoal ou blog.
Pode aproveitar o espaço para enviar os seus artigos ou apenas para retirar as suas dúvidas e, se não for especialista, começar a aprender programação, nunca é tarde, basta apenas um pouco de tempo.
Acredite, actualmente a programação encontra-se mais facilitada, face ao desenvolvimento de produtos, que são realmente fantásticos. Se for uma pessoa já com conhecimentos de programação, também vale a pena, porque os seus artigos terão visibilidade e poderá, se assim o entender, apoiar as pessoas no fórum.

Venha conhecer este novo espaço de partilha!

segunda-feira, novembro 03, 2008

O meu jaspe

Já algum tempo que a questão da empatia me fascina.
Descobri que a empatia é a pedra de toque do meu trabalho, o meu mineral raro, o meu jaspe, o que implica que quando não está presente tudo perde importância.
Assim, resolvi adquirir um conhecimento tão profundo quanto possível, numa procura incessante, sobre o quer esta “simples” palavra encerra, de modo a poder utilizar os seus conceitos, frequentemente na minha vida, profissional e não só.
Nesta conformidade, tenho efectuado uma aprendizagem importante do seu significado, da sua grandeza, tentando colocá-la ao serviço dos meus interlocutores, sempre que estou a trabalhar na minha nova profissão, sempre que estou a construir relacionamentos.
Compreendi que numa profissão, seja ela qual for, não basta saber fazer, não basta colocar os conhecimentos técnicos, também, sejam eles quais forem, ao serviço do nosso cliente, pessoa, empresa, se não soubermos em cada momento, utilizar empatia nos nossos relacionamentos.
Quando se vê, fala e, se escuta com o coração tudo fica mais fácil, qual auto-estrada da compreensão, de múltiplas vias, sem tráfego, sem semáforos ou constrangimentos, o fluxo da comunicação torna-se então importante e raro, podendo ser matizado numa multiplicidade de cores, semelhante às pedras raras, o que me fascina, pela sua simplicidade e beleza. Tal como o meu fascínio pelo jaspe.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Natal


Universo

Se o homem como ser inteligente se
encontra sozinho no universo, então
segundo o critério da organização da
matéria ocupa o escalão mais elevado da
pirâmide da complexidade.

As actividades, as obras, as proezas, dos
sistemas organizados são à medida do seu
grau de complexidade e de organização.

Nesta vasta experiência de organização da
matéria, penso que difícilmente o homem
ocupa o escalão mais elevado. Assim
sendo, não somos estranhos ao universo e
estamos comprometidos com outros seres e
outras inteligências...

Carlos Lopes Natal/1996

Inclinou-se com ardor para o cálice de todas as flores para daí tirar o elemento significativo do pensamento de Deus que se encontra investido em todas as coisas e que importa, de qualquer maneira, libertar. Se a graça do poeta consiste em revelar aos homens que há uma «presença» para eles nas realidades do mundo e que estas têm alguma coisa a dizer-lhes, Jesus foi o grande poeta do mundo e foi à base duma poética profunda que Ele revelou Deus.

In “Jesus Cristo” do eminente teólogo Yves Congar (1904-1995)

terça-feira, junho 06, 2006

A roda-dos-desejos

«O meu marido quer dar ao nosso filho, que vai nascer, o nome que o meu pai me teria dado se eu tivesse sido um rapaz. Ele quer agradar-me, agradando ao meu pai, estou tão confusa, que, já não sei qual o nome que quero realmente dar ao meu filho. Vou agradar ao meu marido deixando-o agradar-me, para assim agradar ao meu pai?»
Esta roda-dos-desejos, mas mais propriamente roda-de-apropriação, permite apropiar-me dos desejos do outro, transformando-os em pedidos, que me encarregarei de satisfazer.
Apropriando-me do desejo do outro, evito ouvir e principalmente respeitar o meu próprio desejo, vivendo ao limite, por procuração, ou seja, por interpostas pessoas, sejam: os pais; o conjugue; os amigos; os filhos...
Pela apropriação, faço sempre meu o olhar do outro, deixo-me definir pelo outro, pelos seus valores, os seus medos, as suas necessidades, as suas crenças, como se me tornasse naquilo que o outro vê em mim, sem me conseguir diferenciar, sem me distinguir das pessoas, o que verdadeiramente me pertence, as reacções que lhes pertencem.
Tendo consciência, que as relações interpessoais implicam, quase sempre, alguma projecção e apropriação, e é assim, construída nesta troca de subjectividades, reformulo a necessidade de quanto melhor estivermos separados, diferenciados, melhor existimos nesta nossa ventura de vida, tornando-nos melhores companheiros para nós próprios e para os outros.

segunda-feira, maio 15, 2006

O que sentimos III

Quando deixo de tornar o outro responsável pelo que eu sinto, pelo que não está bem em mim, pelo que me acontece, apercebo-me que a perspectiva que eu tinha, como sendo um conflito exterior, é antes, um conflito interior, uma ambivalência. Assim, será então necessário aplicar bastante esforço para nos conhecermos a nós próprios, as nossas mutações e as nossas constâncias, visto, ser uma obra sempre em construção, mas, com a certeza, que ao manter um olho aberto no nosso interior irá permitir percepcionar mais longe...
Será ainda necessário identificar os limites de intolerância e de vulnerabilidade, zonas de imaturidade que, perante certos actos, certos comportamentos, fazem com que vivamos o equivalente a uma ferida ou um envenenamento. Estes pontos fazem eco das nossas carências, geralmente situadas bem longe, no passado, revivem, apoiam-se, ganham força e expressão em situações inacabadas e em que mantivemos o desejo, o sonho de completude. Deste modo, quantas humilhações ou frustrações continuam a transpirar suor, gota a gota, à superfície do comportamento, na tentativa de encontrar uma reparação, justificação ou realização, porque, e nem sempre disso temos consciência, os sentimentos são crianças frágeis, que precisam de cuidados constantes...
Ao reconhecermos os nossos sentimentos, cada vez mais depressa, na sucessão das nossas sensações, podemos escolher, podemos tentar gerir melhor o que eles provocam, isto é, aceitamos o confronto sem reservas com as nossas emoções, tomando o compromisso de fazermos sempre algo com elas.
Ao prestarmos mais atenção, ao ouvi-los de uma forma vigilante, perspectivamos melhor os sentimentos que nos engrandecem ou os ressentimentos que nos sufocam.

terça-feira, maio 02, 2006

O que sentimos II

A perspectiva na contínua transposição de responsabilidade do que sinto, daquilo que vivo, daquilo que me acontece, vai possivelmente levar-me a uma armadilha relacional muito frequente: a tentativa de mudar o outro.
Este desejo, profundo, que o outro mude, para que finalmente possamos estar melhor, de forma a terminar o nosso sofrimento e o nosso mal-estar, parace tão lógico, tão evidente, que se torna ilusoriamente numa das nossas aspirações mais legítimas, mas, efectivamente, na realidade, a mais frustante.
A tentação de mudar o outro, de começar a vida pelo outro é uma tarefa gigantesca, demonstrando, ainda, uma grande habilidade para as chamadas relações fictícias, evitando, assim, reconhecer:
- em mim: o que para mim representa o que vivo, o que me acontece;
- no outro: os seus próprios sentimentos, o que ele vive, o que lhe pertence.
Esta atitude, impede-me frequentemente de ver as minhas próprias falhas, como minhas, e, cria uma situação, quase sempre, recíproca.
Estes comportamentos quando recíprocos, levam a que cada um tente resolver os seus próprios dilemas, pedindo ao outro que modifique as suas expectativas e os seus desejos.
Tentar exercer influência nos desejos e expectativas, parece ser uma das nossas utopias mais arcaicas. A tarefa gigantesca que resulta no esforço para mudar o outro, para o sentido que mais me convém, está condenada ao fracasso, na maioria dos casos, carregada de violência surda e ódio reprimido...

segunda-feira, abril 17, 2006

O que sentimos I

Transpor a responsabilidade do que sentimos, é sem dúvida a nossa posição relacional mais frequente.
Se eu sinto alguma coisa é devido a alguém ou a um acontecimento, numa lógica emocional incorrecta, é o outro ou a situação que é responsável pelo que sinto.
Esta mitologia relacional é das mais persistentes, a omnipotência que atribuímos ao outro leva-nos a transpor a responsabilidade do que sentimos, como se fossemos irresponsáveis ou desprotegidos.
«Estou verdadeiramente perdido, em pânico, em sofrimento... portanto não sou eu que devo fazer alguma coisa por mim.»
Quando transpomos a responsabilidade, o visado é geralmente: ou a pessoa amada, um parente ou alguém muito próximo. A este ser decepcionante que frustou as minhas expectativas, vou cobrar-lhe todo o meu ressentimento, acusá-lo de tudo o que me acontece de bom, mas principalmente do mau, dos meu êxitos e fracassos, dos meus risos e medos.
A estratégia relacional fundada na convicção de que o outro é responsável pelo que sinto, poderá levar à impotência, à estagnação...
Somos capazes de encontra infinitas combinações para não nos sentirmos responsáveis por aquilo que nos acontece, para evocar sempre uma causa exterior a nós próprios, com muito mais facilidade do que um mágico tira coelhos da cartóla.
A transposição da responsabilidade é também a fonte das melhores justificações e desculpas em relação às experiências da infância.
De facto, até poderá existir algum condicionamento criado pela dependência emocional e psíquica, enquanto criança, mas não deixa de ser supreendente a maneira como mantemos e persistimos nesse condicionamento.