terça-feira, maio 02, 2006

O que sentimos II

A perspectiva na contínua transposição de responsabilidade do que sinto, daquilo que vivo, daquilo que me acontece, vai possivelmente levar-me a uma armadilha relacional muito frequente: a tentativa de mudar o outro.
Este desejo, profundo, que o outro mude, para que finalmente possamos estar melhor, de forma a terminar o nosso sofrimento e o nosso mal-estar, parace tão lógico, tão evidente, que se torna ilusoriamente numa das nossas aspirações mais legítimas, mas, efectivamente, na realidade, a mais frustante.
A tentação de mudar o outro, de começar a vida pelo outro é uma tarefa gigantesca, demonstrando, ainda, uma grande habilidade para as chamadas relações fictícias, evitando, assim, reconhecer:
- em mim: o que para mim representa o que vivo, o que me acontece;
- no outro: os seus próprios sentimentos, o que ele vive, o que lhe pertence.
Esta atitude, impede-me frequentemente de ver as minhas próprias falhas, como minhas, e, cria uma situação, quase sempre, recíproca.
Estes comportamentos quando recíprocos, levam a que cada um tente resolver os seus próprios dilemas, pedindo ao outro que modifique as suas expectativas e os seus desejos.
Tentar exercer influência nos desejos e expectativas, parece ser uma das nossas utopias mais arcaicas. A tarefa gigantesca que resulta no esforço para mudar o outro, para o sentido que mais me convém, está condenada ao fracasso, na maioria dos casos, carregada de violência surda e ódio reprimido...

3 Mosaicos:

Afixado por: Blogger Isa Maria

há muito a tendência de querermos que os sentimentos dos outros sejam modificados para perto dos nossos. Mas isso pouco acontece. Daí crescerem as desavenças e as separações entre casais, irmãos, amigos, etc. custa-nos ajustarmo-nos aos seus gostos e tendências. è próprio do ser humano: o gostar de manipular.
à assim ou não?

12:17 da tarde  
Afixado por: Blogger Isa Maria

queria dizer: É assim ou não?
sorry o erro.

12:18 da tarde  
Afixado por: Blogger Carlos Lopes

IsaMar, obrigado pelo teu comentário.
Efectivamente, estamos demasiado centrados nas tentativas de mudar o outro, mas, uma das razões, senão a principal, é porque nos custa aceitar o que sentimos como responsabilidade exclusivamente nossa.
A ideia fundamental que pretendo transmitir é que o caminho para que cada um se encontre consigo próprio é difícil mas, essencial para nos tornarmos um melhor companheiro para nós próprios e para os outros.
Em esboço, o texto "O que sentimos III", em breve disponível, num local perto de si.

2:47 da tarde  

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