A roda-dos-desejos
Esta roda-dos-desejos, mas mais propriamente roda-de-apropriação, permite apropiar-me dos desejos do outro, transformando-os em pedidos, que me encarregarei de satisfazer.
Apropriando-me do desejo do outro, evito ouvir e principalmente respeitar o meu próprio desejo, vivendo ao limite, por procuração, ou seja, por interpostas pessoas, sejam: os pais; o conjugue; os amigos; os filhos...
Pela apropriação, faço sempre meu o olhar do outro, deixo-me definir pelo outro, pelos seus valores, os seus medos, as suas necessidades, as suas crenças, como se me tornasse naquilo que o outro vê em mim, sem me conseguir diferenciar, sem me distinguir das pessoas, o que verdadeiramente me pertence, as reacções que lhes pertencem.
Tendo consciência, que as relações interpessoais implicam, quase sempre, alguma projecção e apropriação, e é assim, construída nesta troca de subjectividades, reformulo a necessidade de quanto melhor estivermos separados, diferenciados, melhor existimos nesta nossa ventura de vida, tornando-nos melhores companheiros para nós próprios e para os outros.
1 Mosaicos:
tudo na vida é uma roda de desejo. Tudo se repete um dia. Tenhos uns primos que em jovens e como qualquer jovem, fartaram-se de criticar o meu avô, por ter posto o nome ao 1.º filho, igualzinho ao seu. Acontece que as confusões, em especial na correspondência, sempre foram muitas.
Anos mais tarde, tiveram filhos. E como nasceram rapazes, levaram com o nome dos respectivos paizinho. E assim, os desejos repetiram-se mais uma vez, como em muitas situações da vida.
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