quarta-feira, janeiro 12, 2005

Lei de Parkinson



A lei de Parkinson de Northcote Parkinson (Penguin, 1957) foi primeira publicada no jornal The Economist e depois no livro Parkinson's Law: "The Pursuit of Progress", este, foi talvez o primeiro livro humorístico sobre gestão e, para quem não receia rir de si próprio e das situações nos negócios, tem aqui uma oportunidade para transformar as desgraças do quotidiano numa razão para rir, eis duas das suas leis:

  • "O trabalho expande-se de forma a preencher todo o tempo disponível para a sua realização ";
  • "Quanto menor o interesse do assunto, maior é a discussão";
Usando como exemplo a marinha britânica, Parkinson observou que, independente-
mente da quantidade real de trabalho, o número de funcionários tendia sempre a aumentar. Desta lei, retira-se que um funcionário com quatro horas para terminar um relatório, vai terminá-lo nas quatro horas, enquanto um funcionário que disponha de oito horas para finalizar o mesmo relatório vai gastar as oito horas na sua totalidade.
Independentemente da crítica à burocracia governamental, esta lei pode ser também aplicada a outras situações, e o próprio Parkinson escreveu sobre a velha senhora capaz de ocupar um dia inteiro para enviar um cartão postal, demorando-se na escolha da paisagem, perdendo tempo procurando os óculos ou o endereço do destinatário, escrevendo e reescrevendo com calma a mensagem, e ainda contemplando a necessidade de levar um guarda-chuvas no seu passeio até a agência dos correios. Um homem ocupado, porém, seria capaz de executar a mesma tarefa em três minutos.
Mas a segunda lei derivada do trabalho de Parkinson ainda é mais interessante. A lei explica, em certa medida, a razão porque os projectos mais complexos são facilmente aceites, e os mais simples ficam bloqueados em discussões intermináveis.
A questão pode ser posta assim: quando um projecto é demasiado grande ou complexo, ninguém se dá ao trabalho de conferir os detalhes, partindo do pressuposto de que alguém já o deveria ter feito antes, ou o projecto não chegaria a tomar tamanhas proporções, nem ter tido um avanço tão significativo. Além disso, ficar silencioso é muitas vezes uma forma de disfarçar o desconhecimento sobre o próprio projecto, ou deter um conhecimento que ponha em causa muitas das premissas que o suportam.
Por outro lado, projectos simples são questionados exaustivamente, porque qualquer pessoa se sente confortável em fazê-lo. É uma oportunidade para lembrar aos outros que está a participar, e de poder tomar uma posição sobre o tema, duma forma relativamente segura.
Desta forma, por em causa um projecto simples não tem normalmente grandes consequências técnico-económicas e, como vimos, tem um enorme ganho pessoal.
Assim, nas organizações é mais fácil ratificar um Sistema Informático Integrado de Gestão, do que, por exemplo, um projecto que vise melhorar as vias de acesso num armazém.

2 Mosaicos:

Afixado por: Anonymous Anónimo

Estive aqui montem mas não tive tempo para fazer um comentário, por issso aqui estou hoje.

Desconhecia o que aqui falas, mas achei engraçada a 2.ª lei, que me parece muito verdadeira. É vermos aqui pelos inúmeros blogs, quanto mis baixos ou banais são os temas, mais gente temos a falar sobre o mesmo e a acrescentar um comentário. No entanto grandes e verdadeiras causas ou trabalhos, as pessoas desconfiam e não se dão ao trabalho de pensar nelasm, pois dão trabalho, é necessário fazer um esforço, ou físico ou intelectual.

maryjo em
www.pianinhodosapo.blogs.sapo.pt

9:20 da manhã  
Afixado por: Blogger Carlos Lopes

Declaro que quando estava a dar o pontapé de saída no artigo, estabeleci alguns paralelos, capazes de gerar artigos interessantes, mas, não me lembrei de aplicá-los aos blogs propriamente ditos.
Grato pelo teu comentário, tão pertinente, parece que podemos e devemos explorar o filão que apontas...

10:21 da manhã  

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