quinta-feira, dezembro 22, 2005

Prendas

Numa relação, seja ela de curta ou de longa duração, são várias as conjunturas em que temos dificuldade em receber, sejam cumprimentos, manifestações de amor, simpatia, admiração, ideias novas, sinais de interesse, ou objectos.
Esta dificuldade, origina uma oposição a propostas, a certos impulsos, através da rejeição em receber, reagimos, de forma negativa, como “pacientes do receber”.
Como entender este mecanismo? Porque desvalorizamos o entusiasmo do nosso interlocutor e a nós próprios?
O presente mal recebido magoa quem o oferece.
Ao acolhermos mal um presente, remetemos, quem o deu, para a sua incapacidade, para a sua impotência ou para a sua solidão.
A visão que temos de nós próprios será, desta forma, tão hirta, tão rigorosa, que em nome da perfeição, de uma verdade ou de um ideal absoluto, não podemos aceitar uma prenda, um reconhecimento merecido?
Muitas pessoas recusam receber, preferem dar, parece-lhes mais fácil... A dar mantenho-os à distância das minhas próprias solicitações.
Porque receber é uma faca de dois gumes, é uma abertura ao outro, é um risco de intrusão, de penetração do nosso universo, da nossa “verdade”. Receber é correr o risco de ser influenciado, logo de mudar.
Mas, é na coincidência dos desejos que permite receber verdadeiramente o que nos é oferecido e, uma dádiva recebida na sua plenitude também preenche quem a dá.
Desta forma, gostaria de presentear os leitores deste espaço, mas muito especialmente: à Tânia, à Imar, à Utopia e por último, mas não menos importante, à Taia, porque em diversas situações e nos momentos certos, souberam abonar com as suas opiniões, as suas ideias e o seu interesse, ajudando a colorir este mosaico, que se pretende de cores.
Assim, muito sinceramente aspiro, que na coincidência dos vossos desejos, tenham muitas prendas nesta época especial, em que celebramos Jesus.