O que sentimos III
Será ainda necessário identificar os limites de intolerância e de vulnerabilidade, zonas de imaturidade que, perante certos actos, certos comportamentos, fazem com que vivamos o equivalente a uma ferida ou um envenenamento. Estes pontos fazem eco das nossas carências, geralmente situadas bem longe, no passado, revivem, apoiam-se, ganham força e expressão em situações inacabadas e em que mantivemos o desejo, o sonho de completude. Deste modo, quantas humilhações ou frustrações continuam a transpirar suor, gota a gota, à superfície do comportamento, na tentativa de encontrar uma reparação, justificação ou realização, porque, e nem sempre disso temos consciência, os sentimentos são crianças frágeis, que precisam de cuidados constantes...
Ao reconhecermos os nossos sentimentos, cada vez mais depressa, na sucessão das nossas sensações, podemos escolher, podemos tentar gerir melhor o que eles provocam, isto é, aceitamos o confronto sem reservas com as nossas emoções, tomando o compromisso de fazermos sempre algo com elas.
Ao prestarmos mais atenção, ao ouvi-los de uma forma vigilante, perspectivamos melhor os sentimentos que nos engrandecem ou os ressentimentos que nos sufocam.